Organizado pela AAUL, este evento de dois dias contou com 4 painéis de debate sobre temas da atualidade integrando vários ilustres de diversos prismas da sociedade lisboeta, além de 4 grupos de trabalho onde através de brainstorm coletivo, os estudantes tentaram encontrar soluções para alguns dos problemas da Academia.
Decorrida nos passados dias 20 e 21 de março, a VI edição dos Estados Gerais abordou em quatro painéis distintos temas como a Pandemia e o Ensino superior, a Segurança Universitária, o Papel da Liderança como motor da galvanização do conhecimento e do ensino, e a ULisboa: Um contributo para a sociedade, tendo a presença de ilustres figuras da nossa cidade e ligadas à academia como o Professor Eduardo Vera-Cruz Pinto, o Professor Nuno Crato, a Professora Clara Raposo e a Professora Luísa Cerdeira, entre muitos outros.
Na sessão de abertura, o Presidente da Direção-Geral Hélder de Sousa Semedo reiterou a importância dos Estados Gerais como uma forma de reflexão da Academia, com as suas 18 escolas, professores, funcionários e estudantes, dando assim início ao evento de dois dias. Junto a esta sessão esteve ainda presente o Presidente do Conselho Nacional da Juventude, João Pedro Videira, que reforçou a importância de ativar estas colaborações com as suas organizações membro, bem como de promover este tipo de iniciativas que permitam refletir sobre os problemas da juventude e das novas gerações, e tentar encontrar soluções para os mesmos.
Estando aberta a VI edição dos Estados Gerais da AAUL, deu-se o primeiro painel que teve como tema o “Ensino Superior: Novos desafios, velhos problemas”. Dando uma perspetiva europeia sobre o Ensino Superior, a Sofia Colares Alves afirma que existe já uma série de projetos a nível europeu que permite uma interligação de experiências e conhecimento que promovam o desenvolvimento conjunto das políticas jovens e estudantis, como é o caso do programa ERASMUS +. Também convidado para participar neste painel, o Prof. Dr. Nuno Crato do ISEG reiterou também a importância destes programas europeus, acrescentando também a importância de aprender outras línguas na juventude. O Prof. Dr. Eduardo Vera-Cruz Pinto acrescentou também ao longo deste painel a diversidade das escolas da Universidade de Lisboa e a importância de sermos objetivos na discussão dos nossos problemas em Portugal e na Europa ao invés de nos transpormos problemas dos países anglo-saxónicos que podem não ter o mesmo impacto na nossa sociedade europeia que nesses países. Por fim, João Assunção, Presidente da Direção-Geral da Associação Académica de Coimbra, refletiu sobre vários problemas do Ensino Superior, nomeadamente a antiga luta estudantil pela abolição da propina, bem como da necessidade de aumentar os apoios a estudantes com dificuldades financeiras, principalmente agora neste período em que estas dificuldades foram acentuadas pela pandemia.
No segundo painel do 1º dia do evento sobre a Segurança Universitária, a Comunidade Académica pode escutar José Borges, Presidente da Junta de Freguesia de Alvalade referir que ainda existem alguns problemas com a segurança no Campus da Cidade Universitária e zonas circundantes, mas que têm sido desenvolvidas algumas soluções no sentido de prevenir este problema, nomeadamente a requalificação do Jardim Mário Soares, e a introdução de câmaras de videovigilância. O deputado municipal e Presidente da Comissão dos Transportes , Mobilidade e Segurança da Assembleia Municipal de Lisboa António Prôa contribuiu que de tudo tem feito para reunir com diversas juntas de freguesia, associações e munícipes em geral para compreender melhor este tema da segurança e de como pode ser resolvido por parte da Câmara de Lisboa em parceria com todas estas entidades. Esteve também presente neste painel o Comandante da 18ª esquadra do Campo Grande José Cunha que referiu as dificuldades da PSP em manter a segurança na Cidade Universitária devido à alta frequência de mobilidade de pessoas naquela área. No entanto acrescentou que tem sido feito um trabalho em conjunto com a Junta de Freguesia de Alvalade e com a Reitoria da Universidade de Lisboa para maximizar a presença da PSP na via pública de forma a minimizar as ocorrências de crimes nesta zona. Por último, esteve ainda presente Mariana Lopes, a presidente da Associação Académica de Medicina Dentária de Lisboa que reiterou tudo o que foi dito, além de acrescentar a importância da segurança na zona do Campus da Cidade Universitária, especialmente à noite, altura em que a frequência de crimes aumenta.
No segundo dia do evento, ocorreu o terceiro painel intitulado “O papel da liderança como motor da galvanização do conhecimento e do ensino”. A Presidente do ISEG-ULisboa , a Prof. Dra Clara Raposo referiu que a interação inter-geracional é crucial na passagem do testemunho e do conhecimento, e que portanto poderá ser fundamental criar formas de unir as gerações de forma a criar proximidade para troca e partilha de conhecimento e experiências. A Prof. Dra Maria Manuel Mota, Diretora Executiva do Instituto de Medicina Molecular que deixou uma palavra de elogio pela organização destes Estados Gerais, e que isto sim é um excelente exemplo da partilha do conhecimento e reflexão conjunta da academia, e que pode ser uma boa via de transmissão de conhecimento e de otimizar o ensino. A diretora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, a Prof. Dra. Paula Vaz Freire acrescentou ainda que a ligação das escolas e uma maior aproximação da Universidade em si em todas as suas áreas de conhecimento pode trazer também muitas vantagens, pela pluralidade de perspetivas científicas, sociais e humanas que compõem a Academia.
No último painel do evento, de nome “ULisboa: Um contributo para a sociedade”, a Prof. Dra Luísa Cerdeira do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa apontou que com a fusão da antiga Universidade Técnica de Lisboa e a Universidade de Lisboa passou a existir muito mais uma aproximação da academia e do desenvolvimento em conjunto, embora ainda exista muito mais espaço de crescimento e de mobilização, além de referir ainda que existe uma necessidade ainda de maior envolvimento da comunidade académica no desenvolvimento comum, para que seja capaz de criar sinergias de pensamento com objetivos de querer fazer mais. O Prof. Dr. Miguel Castanho da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e Investigador do IMM, contribuiu que existe uma universidade multifacetada e “poliglota”, que além de ser focada no escrutínio interno que é positivo para o controlo de qualidade, seja também mais aberta e virada para fora, cumprindo assim o lema “De Lisboa para o Mundo”. Por último, o Presidente da Federação Académica do Desporto Universitário, o Dr. André Reis referiu que existe uma vontade interior dos jovens em lutar pela mudança, e que a mesma tem que ser suscitada e alimentada pela Universidade que não só deve formar bons profissionais, mas também bons cidadãos.
Na sessão de encerramento foram apresentadas a conclusões dos grupos de trabalho que se deram nas duas tardes dos dias do evento, tendo sido referido em primeiro lugar as conclusões do grupo de trabalho dos “Movimentos Estudantis e Tradições Académicas”, em que foram debatidos vários temas como as praxes, o traje académico, as tunas, tendo sido formadas conclusões de que o movimento estudantil ainda é demasiado centrado em si mesmo e pouco abrangente, a integração dos alunos na faculdade tem sido pouco inclusiva também devido à pandemia, e de que poderia existir ainda uma maior publicitação das atividades académicas, como a criação de grupos de praxe, e promover a interligação entre as 18 escolas bem como de estudantes e ex-estudantes. No grupo de trabalho da “Ação Social e Alojamento” chegou-se a conclusões como a criação do estatuto de estudante deslocado, a maior divulgação de bolsas de mérito, a fomentação da ligação entre os campi, e a cooperação ativa entre a ULisboa e os governos dos países estrangeiros. No grupo de trabalho do “Desporto e Saúde” concluiu-se que é necessária uma melhoria das condições das refeições e do horário das cantinas, promover debates e colóquios sobre saúde mental, alimentação e saúde física, e a promoção do estatuto atleta estudante como forma de envolvimento das escolas na prática desportiva. Por último, no grupo de trabalho da “Ação Climática e Transição Digital” chegou-se a conclusões como a falta de digitalização de manuais que resulta num elevado consumo de papel, existência de entraves burocráticos na creditação dos certificados de licenciatura e a identificação da falta de reciclagem em algumas das escolas da Universidade.
A VI edição dos Estados Gerais da AAUL terminou com uma intervenção do Presidente da Mesa da Assembleia Magna da AAUL Rúben Felizardo, que se dirigiu aos seus estudantes refletindo sobre as diversas dificuldades que foram debatidas nestes dois dias, bem como todos os problemas que surgiram ou foram acentuados com a pandemia do Covid-19 que se abateu mundialmente, referindo ainda que cabe aos estudantes ser o pilar da vontade democrática em exigir mudança e lutar pelos direitos de todos.
Comments