A vida cristã está-me no sangue, nasci numa família católica, pratico os valores e os ritos desde que me conheço. Tento viver como acredito ser, a vontade de Deus. A analogia do relógio e do relojoeiro (Mundo e seu criador, Deus respetivamente) encaixa bem no que acredito. Enquanto católica e mulher que sou, o relojoeiro fez-me peça específica do seu relógio. Pergunto hoje qual será a missão dessa peça para que o relógio funcione mas passa por escrever este texto.
As certezas são minhas, a elas cheguei com o Dom da Fé e não as devo, nem quero, impor a ninguém. O facto de ser católica não me torna a mim nem a ninguém dona de uma razão- É a minha razão . Apesar de sentir que este é o Caminho não tenho o direito de o impor a ninguém. O que pretendo é que a tentem compreender, e que possivelmente o meu pensamento vos faça questionar. Vale o que vale. A minha vivência como cristã não me dá o direito de impor os meus ideais.
O que a igreja sempre me ensina é “ Ser grande vê-se nas mais pequeninas coisas”, na humildade e na simplicidade. Aquilo que Deus diz, é que devemos amar o próximo, tal como irmãos, sobretudo amar aqueles que nos querem mal, aqueles que não amam, não adoram e aqueles que são marginalizados. Ou seja, amar todos, porque o fácil está em amar quem nos ama, quem nos faz feliz e quem admiramos. O difícil está em amar quem é e pensa de forma diferente da nossa.
“ Ser grande vê-se nas mais pequeninas coisas”
Ser Cristão e menosprezar o outro é como ser vegetariano e comer carne, Deus ama desmedidamente todo e qualquer ser humano.
O que é que torna tão difícil aceitar e amar, na mesma medida, um homossexual? O desejo de um eu para si próprio e para os que o rodeiam não é necessariamente o melhor para os outros. Aqui está a soberba de não saber aceitar aquilo que desconhecemos. O difícil está em saber aceitar quem não cabe no formato dos nossos pensamentos. Não se escolhe nascer homossexual, nasce-se assim. Não temos o direito de fazer um julgamento sobre se é certo ou se é errado, o que é certo para ti pode não ser certo para os outros. Aceitar e amar o próximo é uma virtude e sobretudo um dever acrescido se se tratar de um Cristão.
Deus pede aos jovens desafios difíceis, cada um com a sua missão e forma de ver o mundo, eu própria tento todos os dias descobrir a minha. O difícil está em perceber que não vivemos sozinhos, há mais mundo para além deste pequeno canto à beira mar plantado. Se fosse fácil não teria valor, porque amar quem nos ama não nos torna necessariamente melhores. Ama quem não te ama, quem não tem por onde ir e quem menos compreendes. Na dificuldade se vêem os verdadeiros Homens.
Luisa Silva Agapito
Estudante da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
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