A Direção-Geral aceitou esta terça-feira a demissão de Daniel Colaço Mateus, vice-presidente das Atividades Universitárias da Direção-Geral da Associação Académica da Universidade de Lisboa.
"Agradeço-te o empenho e a energia colocados no exercício das tuas funções, a quem coube-te a ingrata tarefa de ser tudo o que a AAUL precisou que fosses – e que o fizeste sempre de uma forma vibrante e com uma dedicação que muito admiro e respeito. Os estudantes desta nossa Universidade ganharam muito com sua generosidade e acima tudo com a tua verticalidade do carácter e amizade." comunicou o presidente da Direção-Geral da AAUL em resposta ao pedido de demissão
Prezados Colegas, Amigos,
“Deus Quer, o Homem sonha, a obra nasce”. Por mais uma vez recorro a esta frase tão utilizada por estes meios, para me referir a este projeto de que fiz parte, e quiçá umas das grandes aventuras da minha ainda decorrente juventude.
A mítica frase de Pessoa reporta à ambição de um só homem, face à adversidade de uma ideia para a criação de algo maior que ele mesmo, imbuído da vontade de sonhar pelo poder divino, de unificar o globo. Desde já me desmarco da crença, até porque para centrar-me no assunto, é preciso ter os pés assentes na terra, terra essa feita pelas pessoas, e para mim pessoalmente a frase ganha maior sentido no contexto referente a essas mesmas pessoas as que me acompanharam no esforço monumental para trazer de volta à atualidade a Associação Académica da Universidade de Lisboa e todas a que de algum modo contribuíram para que isso acontecesse.
Essa mesma AAUL que tinha por falta de esforço ou vontade, ficado ao abandono no passado, era outrora um símbolo imponente dos estudantes da Universidade de Lisboa, mas na primeira altura de que dela tomei conhecimento, uma mera relíquia do passado, quase que como uma caravela sem dono, dita naufragada, mas que só precisava de alguém que a quisesse navegar.
D. Henrique quis unificar o globo, nós quisemos unir as dezoito escolas, sem tirar o mérito a tão ilustre navegador ao tecer comparações que para alguns iriam ser no mínimo ultrajantes, reitero o que importa, o simbolismo da coisa, a ideia que fica, aquilo que aqui me trouxe, algo maior que nós.
E é nesse ponto que me quero focar afinal, face a tão nobres motivos, todo o Homem é pequeno, e nunca consegue fazer face a tamanhas marés sem a ajuda dos outros Homens. É a esses que me dirijo, esta pequena mensagem é para vós, aos que me acompanharam nesta aventura, e aqueles que ainda nela estão por embarcar, todos temos objetivos comuns, mas também temos objetivos próprios, e são estes últimos que aqui me trazem. Foram três anos de muitos altos, mas também alguns baixos, mas apesar desses momentos de felicidade e de trabalho alcançado, aquilo que para mim sempre fica, são as pessoas, são essas que me fascinam, e que me fazem querer caminhar nesta terra agora, sabendo que o nosso “barquinho”, ficará em boas mãos.
Para mim, chegou a altura de acabar a viagem, que já vai longa, os meus motivos são puramente humanos, dada a nossa pequenez, mas na vida vai haver sempre um momento, em que temos de tomar decisões difíceis, e esta foi a minha, que espero que percebam, que saio de coração ferido por um lado, mas contente por outro, porque sinto que contribuí para esta viagem de uma forma positiva, e que nas pessoas deixo pelo menos uma marca que durará.
Por agora, afasto me consciente de que o futuro está assegurado, por um lado uma despedida, por outro, um até já.
Com lealdade e muita estimada
Lisboa, 26 de junho de 2021
Daniel Colaço Mateus
Vice-Presidente das Atividades Universitárias
Comentarios